Eu vou fazer O que madame Calunga mandou Eu vou eu vou eu vou eu vou Arriar um arroz doce na praia Pro meu senhor Bem bem bem no pingo das três Qualquer dia do mês Qualquer praia eu encontro O meu pai minha mãe Namorando na areia Com amor e encanto Ó meu pai minha mãe Quebra minha cadeia Olho gordo e quebranto E a quem mais que me rodeia Esclarece e clareia Qual que é o meu ponto Atotô Obaluaiê Atotô meu pai babá Atotô Obaluaiê Atotô meu pai babá Esse irmão me protege Nas tristezas nos frejes Tribulações da lida Lambo a pele a ferida Pois minh? alma começa Justo ao fim desta vida Vai daí que é em vão? eô! Ó meu pai minha mãe? eô! A tortura o suplício Se nasci pra sofrer Vou inventar o prazer Em qualquer sacrifício Alegria de rei? eô! Brinca ao lado da lei? êo! Não deseja o ilícito Pois me basta o cajado Com que toco o meu gado Pelos campos elísios Sou amigo do bardo? eô! Vento forte sagrado? eô! Água e luz das esferas Entretanto aqui na terra Permaneço trancado Entre dentes da fera Atotô Obaluaiê Atotô meu pai babá Manda o tenente Tanatos Largar do meu pé e se mancar Vem das águas de Mãe Iemanjá Essa mágoa que me dá Meu pai Oxalá é o rei? venha me valer Meu pai Oxalá é o rei? venha me valer Ô meu pai ô meu pai Ó livrai-me meu pai Dessa dura desdita Essa jura maldita Essa dor esse azar Viver refém de um velho carcereiro Eu um gringo brasileiro Negro índio Goitacá Viver refém de um velho carcereiro Eu um índio brasileiro Gringo preto de Oxalá Eu vou fazer O que madame Calunga mandou Eu vou eu vou eu vou eu vou Arriar um arroz doce na praia Pro meu senhor