Pelas ruas escuras desta cidade Caminho sozinho, perdido no tempo E a cada esquina deserta Cresce a minha solidão Pergunto onde estão os poetas Que vagueiam pelas noites Perdidos nas loucas paixões Das palavras inquietas Não ouço resposta alguma...
Silêncio, silêncio e mais nada, Madrugada espessa e vazia.
Sei não, seu moço, eu diria Que os pobres poetas cansados De construir ilusões, Versos, canções e magia Foram sonhar outros sonhos Bem longe. Madrugada tão fria.
Procuro então, seu moço, nos bares, Nos becos, nas bocas, lugares escuros, Os bêbados, boêmios, cantores, Senhores da madrugada.
Que nada! Não vejo ninguém Além de um silêncio medonho, Companheiro de todas as horas. Penso então: caio fora daqui Desta noite sombria Vou sair por aí, de sonho em sonho... Madrugada, vida, alegria.
Veja só, seu moço, quem diria Não há mais noite fria, deserta Nem tampouco solidão. Foi tudo uma fantasia sonho de poeta Atrás de inspiração